Guerra Civil Síria: Uma luta sem fim
“Um homem nunca sabe quando a guerra acaba” – José Saramago
No dia 7 deste mês, o regime sírio terá atacado o povo de Douma com recurso a armas químicas. Todos nós vimos as notícias e os vários vídeos de crianças em sofrimento. Ninguém fica impávido e sereno vendo uma coisa desse género.
As Nações Unidas, ONU, funcionam sobre máximas; uma delas é a da “prova, razão e ação” por esta ordem e nunca saltando qualquer um dos passos. Contudo, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido negligenciaram um passo essencial – a prova de que se tinha efetivamente recorrido a armas químicas. Não esperaram pela comprovação da Organização para a proibição de armas químicas, a OPAQ, e sete dias após o ataque sírio (o mesmo tempo que o Deus católico levou a “criar” o planeta Terra) o trio maravilha lançou o caos, mais uma vez, escalando os atritos que se fazem sentir na zona.
Macron, que tem o povo a manifestar-se como nunca nas ruas, afirmou que o ataque foi “legitimado” e que foi a “comunidade internacional quem interviu na Síria”. May, que precisa de distrair o povo da problemática do Brexit, foi mais sincera e delatou que era do “interesse nacional executar este ataque”. E Trump, que não consegue despistar as notícias da interferência da Rússia nas eleições que ganhou, seguiu a sua retórica habitual declarando que “não havia algo ou alguém que se assemelhasse” aos EUA em termos de poderio militar. Todos comprovaram o sucesso da missão. Todos distraíram o seu país e a comunidade internacional da porcaria que têm feito. Supostamente atacaram locais onde se armazenava armamento químico.
O problema é que Damasco e os próprios rebeldes já vieram à praça pública negar a premissa anterior. Já viram regimes e rebeldes a concordar? Algo está errado.
Apesar de não haver casualties, António Guterres, secretário geral da ONU, já condenou os ataques orquestrados pelo trio, “apelando a que se evitem atos que possam escalar a situação e piorar o sofrimento do povo sírio.” Ponto de vista interessante – o de quem observa os ataques semelhantes no ano passado por parte dos “Estados Unidos da Parvónia” e se apercebe que em nada aliviaram a dor do povo sírio.

O que está a acontecer aqui, o que já aconteceu no Vietname, Coreia, Iraque, Afeganistão, Iémen e Somália, é uma luta por recursos, por poder – essencialmente é uma luta ideológica, o tipo de guerra que se financia com dinheiro sujo, que enche o bolso de politico e a mansão do pistoleiro.
Estamos a destruir mais um país com base em mentiras. E eu estou farto de ver humanos em posições de poder, onde são tudo menos isso. Humanos. Humanos que sentem e que consequentemente sofrem. É por essa razão que os governos, estes regimes patrocinados, têm que ser responsabilizados pelo que fazem em nosso nome, em nome dos nossos interesses. Para que esta carnificina não se perpetue.
Miguel Duarte