No dia 30 de novembro, decorreu a segunda sessão de Simulação da Assembleia da República, uma iniciativa organizada em parceria pela Academia de Política Apartidária e pela Católica Policy Society.
Manuel Fontaine Campos, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto (UCP), e Álvaro Aguiar, professor de economia na Faculdade de Economia do Porto (FEP), aceitaram o desafio de participar na sessão e orientar os jovens durante a atividade.
A dinâmica teve início pelas 18h, na Universidade Católica Portuguesa. À entrada, os participantes conheceram o partido que lhes foi atribuído e sentaram-se de acordo com a sua posição política. Os partidos com representação nesta Simulação da Assembleia foram o PCP, BE, PS, PSD, IL e o CH e os três temas a abordar a Taxação de Lucros Excessivos, o Modelo de Financiamento do Ensino e a Cultura no Orçamento do Estado.
A atividade dividiu-se, também, em três fases: Fase da Preparação, Fase da Simulação e Feedback. Depois de receberem os documentos de apoio para trabalharem e conseguirem criar argumentos em defesa das posições reais de cada partido, cada grupo teve 40 minutos de preparação e 2 minutos e 30 segundos para apresentar e debater as suas propostas.
Num ambiente descontraído, o entusiasmo e a vontade de aprender faziam-se notar entre os participantes. Durante a fase de troca de ideias e construção dos argumentos, o interesse e o empenho dos jovens era visível.
Sobre a Taxação de Lucros Excessivos, Álvaro Aguiar elogiou a discussão entre os representantes dos partidos e considera que “só vale a pena taxar lucros extraordinários se existirem medidas concretas, que têm de ser trabalhadas tecnicamente”. O professor de economia acrescenta ainda que, caso fosse deputado, iria propor medidas “em função das propostas da Comissão Europeia”.
“Um dos problemas da política é que os temas mais chamativos não são os mais fáceis de apresentar propostas para os problemas” – Álvaro Aguiar
Para completar o feedback, Manuel Fontaine Campos afirma que “gostou muito do debate”, salientou a boa representação das posições por parte dos grupos e destacou os pontos positivos e negativos da argumentação de cada partido. Por seu turno, lembrou que “na política não se pode ser demasiado técnico, porque senão as pessoas não percebem do que é que se está a falar” e acrescentou que na Assembleia da República se deve falar de uma forma que “todos percebam”.
De seguida, o tema central passou a ser o Modelo de Financiamento do Ensino. No debate desta matéria, a pobreza e a carência da população no acesso ao ensino, a pobreza infantil, o elevador social e o “cheque ensino” foram alguns dos tópicos em destaque.
Por fim, a Cultura no Orçamento de Estado foi o último tema a abordar. O professor de economia da FEP defende que “uma das coisas mais importantes da cultura é quanto é que se gasta em arte versus património edificado”, uma temática que “tem dividido as políticas de vários governos e que tem implicações muito fortes no financiamento da cultura”. O diretor da Faculdade de Direito da UCP prosseguiu apontando os aspetos mais relevantes acerca do discurso de cada grupo parlamentar.
Num balanço geral sobre a atividade, Manuel Campos confessa que “adorou ver o entusiasmo” dos jovens e o “quererem envolver-se, transformar, saber e conhecer para poderem argumentar”. Por outro lado, “foi muito interessante o facto de não se perceber qual era a posição partidária dos jovens” e espera que “queiram envolver-se na atividade política porque é a única forma de transformar o país num sentido melhor”.
Álvaro Aguiar parabenizou as duas associações e sublinhou a importância do contacto entre culturas universitárias para aproximar os estudantes de diferentes faculdades. Afirmou ainda que a iniciativa permitiu “desenvolver capacidades argumentativas e de discussão” e isso, por si só, “já é muito bom”.
Do outro lado da moeda, Tiago Freitas, aluno de Economia, contou que “gostou muito da atividade” e considerou uma oportunidade para “aprender e conhecer as posições de cada partido, dominar mais a arte da argumentação e, além disso, criar laços de amizade com alunos de outras faculdades”. Carolina Bandeira, estudante de Direito, concordou que foi uma boa forma de “desenvolver a argumentação” e de “pôr à prova os estudantes”. No final, ficou o sentimento comum de que foi uma proveitosa tarde para celebrar a democracia.