As Eleições Intercalares nos Estados Unidos da América (EUA) fizeram com que os americanos se movessem mais uma vez às urnas, no passado dia 8 de novembro, para eleger e reorganizar o Congresso. Também conhecidas por “midterms”, uma vez que acontecem a meio do mandato de 4 anos do Presidente, estas eleições servem para escolher cerca de um terço dos 100 senadores, os 435 lugares da câmara dos representantes e ainda, em alguns estados, servem para escolher governadores e conselhos municipais. Além disso, embora não sejam destinadas à eleição do Presidente, são consideradas como uma espécie de teste e sondagem aos 2 primeiros anos do mesmo.
Congresso Americano. Foto: Mark Wilson/Getty Images
Afinal o que é o Congresso e qual a sua função na atividade política dos EUA?
O grande protagonista destas eleições, o Congresso americano, ou também designado de Parlamento, detém o poder legislativo e é constituído pelo Senado – no qual os 100 senadores (2 por cada estado) são eleitos para um mandato de 6 anos, representam a câmara alta do parlamento e têm o poder de ratificar tratados e confirmar os compromissos do Presidente que exigem consentimento – e pela Câmara dos Representantes. Esta, por sua vez, representa a câmara baixa do Congresso e é constituída por 435 membros, sendo que a distribuição de membros por cada estado é influenciada pela dimensão do próprio estado.
Até então, os democratas detinham uma maioria na câmara dos representantes e, apesar do senado ser constituído por 50 republicanos e 50 democratas, os democratas possuem também vantagem por força do voto de desempate detido pela vice-presidente Kamala Harris.
A “onda republicana” e os resultados das “midterms”
O Partido Republicano assumiu durante toda a campanha a conhecida “onda vermelha”, esperando-se uma grande mobilização dos republicanos e uma vitória avassaladora nestas eleições. A vantagem nas sondagens, esforços externos, a fraca popularidade de Biden e também o facto de apenas 3 das últimas 25 eleições intercalares darem a vitória ao partido do presidente naquele momento fizeram crescer essa ideia de vitória expressiva.
Contudo, as sondagens indicavam apenas uma mínima vantagem dos republicanos. “A nossa previsão final para o Senado é aleatória, com os republicanos ligeiramente favorecidos em relação aos democratas”, concluiu o FiveThirtyEight, site americano pertencente à ABC News e que elabora análises de política e economia.
A contagem dos votos tem vindo a mostrar que as sondagens estavam certas, verificando-se uma vitória do Partido Republicano, mas pela vantagem mínima e, assim, nem a noite eleitoral dos republicanos foi tão boa como esperavam nem a noite dos democratas foi tão desastrosa como se previa. Os republicanos já alcançaram o mínimo de 218 votos na câmara dos representantes, assumindo o controlo da mesma. Quanto ao controlo do Senado, o mesmo decidir-se-á, muito provavelmente, na segunda volta com as atenções dos americanos centrarem-se, por isso, no estado da Geórgia.
Um dos fatores que pode explicar esta vitória menos convincente do que se esperava foi o facto dos jovens se unirem no apoio ao partido do atual Presidente Joe Biden. Por exemplo, no estado da Pensilvânia, os democratas contaram com 70% dos votos dos jovens.
Donald Trump e a Presidência da Casa Branca
Além dos resultados, surge outro anúncio com estas eleições. Como prometido, Donald Trump comunicou a recandidatura à Casa Branca na noite de 15 de novembro, com a promessa de “trazer a América de volta”.
Foi já durante a campanha para as eleições intercalares que, num comício no estado de Ohio, o ex-presidente norte-americano prometeu não ficar por aqui na sua vida política, afirmando ter um anúncio programado para este dia.
Donald Trump anuncia candidatura às eleições presidenciais de 2024. Foto: AFP
Envolvido pelos seus apoiantes e num discurso eloquente, fez lembrar os anos em que esteve à frente dos Estados Unidos, comparando-os a um período de glória e prosperidade. Com a promessa de trazer de volta a “unidade” do país, esta foi a sua terceira candidatura formal à Presidência, sendo o primeiro candidato a apresentar a sua posição para as eleições que decorrerão em 2024.
O oficializar da candidatura mereceu já a reação do atual Presidente Joe Biden, que numa breve mensagem deixada na rede social Twitter, dita que “Trump falhou aos EUA” fazendo notar que os democratas também irão tomar posição na próxima chamada às urnas.