O Reino Unido vive um momento particularmente delicado na sua História recente. Atualmente a inflação ronda os 10% – o maior número em quarenta anos – e o futuro do governo parece incerto. Rishi Sunak iniciou funções enquanto primeiro-ministro no fim de outubro, depois da demissão de duas figuras polémicas nos últimos meses. Assim, é importante compreender quais foram os momentos críticos que levaram o país a este quadro de instabilidade económica e política.

A situação política no reino-unido: principais acontecimentos

A 7 de julho, Boris Johnson,  primeiro-ministro do Reino Unido na altura, anunciou a sua demissão publicamente. A notícia veio depois de várias crises no governo e muitas polémicas que envolveram o próprio. Além da gestão da pandemia do COVID-19 e o caso Partygate, as alegações de má conduta sexual contra Chris Pincher – ex-ministro das Relações Exteriores – foram a “gota de água” na situação insustentável da gestão do Reino Unido. Ao renunciar ao cargo, Johnson afirmou que continuaria a exercer funções até que um novo nome tomasse posse.

Finalmente, a 6 de Setembro, dois meses depois da renúncia, Liz Truss assumiu a liderança do governo após vencer as eleições do Partido Conservador com 57% dos votos no dia anterior. Truss teria que lidar com a situação económica complicada deixada pelo antecessor e com a crise energética sentida um pouco por toda a Europa.

Liz Truss
Foto: EPA/NEIL HALL

Num primeiro momento, a nova primeira-ministra dizia-se confiante quanto à resolução destes desafios, mas o tom positivo não se manteve durante muito tempo. O falecimento da Rainha Isabel II comoveu o Reino Unido, mas após duas semanas de comoção nacional, os holofotes viraram-se para o estado da Economia britânica.

O polémico plano fiscal de Liz Truss

A 26 de setembro a Libra esterlina atingiu mínimos históricos (4,85% em relação à moeda norte-americana), deixando os investidores reticentes sobre o plano de Truss e Kwasi Kwarteng (ministro das Finanças) para dar resposta à inflação e à situação económica. O plano fiscal tinha como uma das principais bandeiras descer os impostos sob empresas e milionários. Sob o risco de agravar o endividamento num momento já delicado da Economia nacional, as taxas de juro da dívida pública aumentaram nos dias seguintes e o Banco Central foi obrigado a intervir.

Em outubro, Liz Truss admitiu que o plano fiscal teve impactos na economia e demitiu Kwasi Kwarteng, invocando que o país necessitava de estabilidade económica. Jeremy Hunt (atual ministro das Finanças) assumiu o cargo. A primeira-ministra pedia ainda desculpa por ter ido “longe demais” com as propostas de reforma, mas a esta altura já a fragilidade do seu governo estava exposta. Três dias depois, a 20 de outubro, chegava ao fim o mandato mais curto de sempre de um primeiro-ministro no Reino Unido: Liz Truss ocupou a posição durante 45 dias.

 

Apesar de a oposição ter defendido a realização de eleições legislativas após a demissão de Truss, Rishi Sunak, apoiado por grande parte do Partido Conservador , iniciou funções enquanto premier no dia 24 do mesmo mês. Sunak assumiu desde logo os erros cometidos pelo governo e prometeu trabalhar para recuperar a confiança dos britânicos. No entanto, o começo do seu mandato está a ser atribulado. Num primeiro momento, Sunak renomeou Suella Braverman para o cargo de ministra do Interior – cargo este que tinha sido abandonado pela própria ainda durante o governo de Truss. Já no dia 9 de Novembro, o ministro Gavin Williamson demitiu-se após um escandâlo de bullying.

Assim, o panorama económico do Reino Unido tem motivado manifestações no país com milhares de pessoas. A 5 de Novembro vários grupos de ativistas, como a Just Stop the Oil e a Million Mask March, e organizações sindicais saíram à rua para protestar contra o governo do Partido Conservador e toda gestão dos últimos meses.

Editado por Hugo dos Santos