O Partido Socialista está no governo desde 2015, com o mote que nos últimos 6 anos, criaram uma dinâmica sem precedentes e marcaram a governação em Portugal. Medidas como para relançar a economia e aumentar o rendimento das famílias são alguns dos principais objetivos. O país vai a votos, a 30 de janeiro, contando, assim, com um conjunto de debates onde os candidatos tentam discutir os assuntos fulcrais, mas com apenas 25 minutos permitidos, muito fica por dizer.
Fazendo o balanço semanal, entre os dias 2 e 8 de janeiro, António Costa, secretário-geral do PS e primeiro-ministro, debateu cinco vezes, tendo sempre omnipresente o PSD.
PS vs Livre
O primeiro debate, no domingo, foi com o partido Livre. Para o secretário-geral socialista, só há dois caminhos, que referiu muitas vezes ao longo da semana: virar a página e prosseguir com uma maioria de progresso. “Um governo de Rui Rio será um governo que nem o salário mínimo aumenta, quanto mais um salário médio”, respondeu ao Rui Tavares, presidente do Livre. Costa ainda acrescentou que “um voto no Livre não nos livra da direita. O que nos livra da direita é o voto no PS”. Rui Tavares tentou sensibilizar António Costa que “um partido a governar sozinho não conseguira” aplicar um pacote de reformas progressistas de esquerda, além disso, o líder do Livre ainda disse que Costa foi o principal autor do fim da “Gerigonça”. Se havia algum adversário com quem Costa poderia revelar alguma simpatia, era Rui Tavares. Em vez disso, foi imune a qualquer tentativa de aproximação do representante do Livre, que poderá ser parceiro preferencial numa futura negociação. Sinal de que quer mesmo apelar ao voto útil e alcançar a maioria absoluta.
PS vs PCP
No dia 4 de janeiro, deu-se o debate entre o PS e o PCP, este é um dos três debates nos canais abertos em que participará Jerónimo de Sousa, secretário-geral do partido, que tem acusado Costa, nos últimos dias, de deixar cada vez mais claro que sempre quis eleições antecipadas. A possibilidade de uma nova geringonça e as razões do chumbo do Orçamento de Estado (OE) para 2022 foram os dois temas que dominaram todo o debate. Sem se interromperem, Jerónimo e Costa trocaram acusações sobre a responsabilidade quanto ao chumbo da proposta orçamental, que levou o Presidente da República a convocar eleições legislativas antecipadas. O líder do PCP disse que : “O PS queria eleições e não soluções.” Costa respondeu acusando o PCP de “irresponsabilidade”, dizendo, por exemplo, que seria um desastre impor à economia privada em Portugal, sobretudo em setores que foram muito atingidos pela pandemia (turismo e restauração), um aumento do salário mínimo nacional como aquele que o PCP exigia (para 800 euros). A indisponibilidade quase total de Costa para novos entendimentos contrastou com a disponibilidade em sentido inverso revelada por Jerónimo de Sousa.
PS vs Chega
Na quinta-feira, o atual primeiro-ministro iniciou o debate a falar sobre vacinação, contra o presidente do Chega, André Ventura. Também foram abordados temas como a corrupção, em que António Costa recordou a falta assinalada de Ventura no dia de votações importantes no Parlamento sobre este mesmo tema, que o líder do Chega assume como bandeira do partido. André Ventura aproveitou a oportunidade e tentou usar o tema como trunfo no debate, lembrando a herança política de Costa no governo de José Sócrates. António Costa, conseguiu evitar responder a perguntas importantes sobre a falta de planeamento, em relação ao que vai acontecer a quem cumpre isolamento por causa da covid, enquanto obrigou Ventura a admitir que se quer vacinar. Costa tenta garantir o centro político, rejeitando veemente o Chega, ao contrário do PSD. “Comigo não passará” disse por três vezes.
PS vs PAN
O debate do PS com o PAN foi mais equilibrado, inserindo em particular no tema das alterações climáticas. Inês Sousa Real, presidente do partido, não se quis comprometer com cenários pós-eleitorais, deixando em aberto apoios à esquerda ou à direita. António Costa, sem acelerar muito, manteve-se sereno, convergente e mostrou solidez a debater com o PAN no “terreno” dele: clima, transição energética e lítio. E nem sequer apelou à maioria absoluta, algo raro de se ver.
PS vs CDS-PP
No último debate da semana do PS, com o presidente do CDS-PP, o que esteve em jogo foi a Saúde, o choque fiscal e a ideologia de género. No que diz respeito à Educação, Francisco Rodrigues do Santos disse que a ideologia de género é uma porta aberta ao totalitarismo, enquanto Costa defendeu que valores da pluralidade do que é a família devem ser respeitados pela escola e lembrou que, no dia anterior, se assinalou os 12 anos da aprovação parlamentar do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. Em relação ao OE de 2022, Chicão, como é conhecido o líder do CDS, defendeu que o PS “podia e devia ter ido mais longe” e acusa Costa de ser “o primeiro-ministro do inverno demográfico em Portugal”, referindo que “nunca nasceram tão poucas pessoas em Portugal”. O PS propõe que, a partir do segundo filho, todas as famílias possam deduzir 900 euros na coleta do IRS. Mas, na proposta do CDS-PP, as crianças valem mais consoante o escalão.
Concluindo a primeira semana de debates, António Costa foi bem preparado para todos os confrontos diretos, mantendo a calma e defendeu o seu programa eleitoral. Além disso, não se esqueceu de referir Rui Rio e a questão da maioria absoluta.