Marcos Alves Teixeira anunciou que não se irá recandidatar à presidência da Federação Académica do Porto (FAP). O atual presidente afirma ter sido uma decisão “refletida, difícil, mas revestida de feliz segurança”. Reiterou também o anúncio da criação da residência estudantil na Academia do Porto, fruto do projeto da FAP em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, a primeira cooperativa de habitação universitária do país. 

Através do Facebook, Marcos Alves Teixeira publicava que não iria concorrer para um novo mandato na liderança da FAP.  Em entrevista concedida à APA, o atual presidente explicou que os motivos para a decisão de não se recandidatar são dois. Primeiramente, porque dirigir o importante projeto de associativismo estudantil deverá coincidir com uma ocupação estudantil, num momento em que Marcos acaba de obter o grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas, tendo terminado, por agora, o percurso académico. O segundo motivo, que afirma ser “muito mais importante” do que o anterior, é a sua compreensão de que a “dinâmica das direções faz da FAP a estrutura variada que é”. 

Quando decidi candidatar-me a Presidente da FAP soube para mim que a única forma de sair seria deixando para os que se…

Publicado por Marcos Alves Teixeira em Terça-feira, 17 de novembro de 2020

 

Marcos Alves Teixeira também refere que a experiência na direção da FAP foi “de reinvenção brutal”. A pandemia acabou por evidenciar fragilidades dentro do cenário estudantil “de completa transformação no funcionamento do Ensino Superior”. Entre as problemáticas encontradas, estavam questões como a fragilidade económica e social das famílias, a incerteza quanto ao emprego estável e a dificuldade de frequência no Ensino Superior: “recebemos bastantes relatos de pessoas que perderam o emprego e que se viam sem capacidade para dar provimento a estes compromissos financeiros”.

Acrescentou que também existiram incertezas quanto à qualidade do ensino à distância, mas que a Federação Académica do Porto teve como prioridade garantir que as necessidades – tanto as já existentes, quanto as agravadas – fossem devidamente tratadas. O atual presidente diz que a FAP teve o cuidado de resolver todos os casos reportados por estudantes com carência de recursos tecnológicos para aceder às aulas.

Marcos Alves Teixeira evidenciou ainda que, neste ano, a partir de uma proposta da FAP, haverá mais estudantes a receber bolsas, bem como a ampliação do complemento ao alojamento, principalmente em zonas com maior pressão demográfica – e, por isso, com aluguer mais caro.  A inauguração do Bairro Académico introduz um projeto de auxílio à resolução da problemática estudantil da difícil acessibilidade ao alojamento.

O presidente da FAP explica que o Bairro Académico surgiu como uma solução muito bem-vinda. Fruto de parceria entre a FAP e a Santa Casa da Misericórdia do Porto, “consiste na criação de unidades de habitação a preço controlado e abaixo do mercado, num projeto onde também existam serviços para os habitantes do Bairro e para a comunidade que o circundará”. Marcos Alves Teixeira evidencia que a ideia é construir uma comunidade social, que integre os estudantes na cidade do Porto: “no bom espírito democrático, a gestão do Bairro pretende-se que seja feita pelos próprios estudantes, num regime semelhante a uma cooperativa, para estimular a participação cívica dos jovens”. O protocolo foi assinado a 28 de março do ano passado, propondo dar resposta ou pelo menos um auxílio na resolução do problema da falta de habitação para estudantes na cidade.

Marcos Alves Teixeira dedicou seis anos ao associativismo estudantil, três dos quais passou na FAP. Reitera que “ainda há trabalho para fazer neste mandato” e que só no final fará despedidas e agradecimentos.

Editado por Pedro Valente Lima.